Se os pais de alunos que frequentam as escolas públicas de Natal pudessem, neste momento, pontuar (assim como os professores fazem para estimular ou medir o índice de aprendizagem dos alunos) o início do ano letivo e a estrutura das escolas municipais, a nota provavelmente seria zero. No primeiro dia útil após a confirmação da greve dos docentes, somente diretores e funcionários da administração compareceram aos locais de trabalho. Cobrando aumento de 15,29%, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte/RN), não recuou quando a prefeitura ofereceu 10,79% de acréscimo salarial semana passada.


No primeiro dia do ano letivo, salas de aula ficaram vazias em Natal
Além do aumento, que segundo a diretora do Sinte/RN, Fátima Cardoso, foi assinado pela prefeita Micarla de Sousa em 2010, os diretores e professores cobram melhorias na estrutura física das escolas. A secretária municipal de Educação, Adriana Trindade, afirma que o percentual máximo que a prefeitura pode oferecer é o de 10,79%. “Temos limitações pela Lei de Responsabilidade Fiscal. E vamos fazer um enorme esforço para reduzir despesas de outros setores e continuar valorizando a carreira dos professores”, disse.
Para cobrar ações da Secretaria Municipal de Educação (SME), os professores contam com a colaboração dos pais dos alunos. Insatisfeitos com o atual sistema de ensino, eles apóiam a greve mesmo sabendo que os maiores prejudicados serão os próprios filhos. “A greve é justa. Nós devemos entender que os professores merecem o aumento”, afirmou a dona de casa Analice Nunes.
Ela tem uma filha matriculada na Escola Municipal Nossa Senhora da Apresentação, no Conjunto Alvorada, zona Norte da Capital. Ansiosa para ir a escola, Sabrina Nunes foi conduzida pela sua mãe na manhã de ontem para saber qual a previsão de retorno dos professores às salas de aula. “Eu acho um absurdo pois os alunos não tem culpa. A escola deveria ter professores dando aula no início do ano e isso não acontece. Eu espero que isso se normalize em breve”, reclama Analice.
A escola foi instalada num prédio onde antes funcionou um shopping com supermercado. Apesar de grande, é fácil visualizar que a adaptação das lojas em sala de aula ocorreu de forma improvisada. Não existem janelas para ventilação natural do ambiente e o depósito de mantimentos foi transformado em quadra de esportes. No dia 11 de janeiro, a direção da escola enviou um ofício à Secretária Municipal de Educação, solicitando reparos na unidade de ensino.
Coincidência ou não, no dia seguinte, a Secretaria envia uma circular (nº 3/2011-GS) às escolas municipais e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), informando que, “em razão das dificuldades financeiras pelas quais passa a Administração Municipal, inclusive a Educação, há uma determinação do Poder Executivo quanto à contenção de despesas. Em vista disso, não há como atender a nenhuma solicitação que incorra em despesa para o erário”. O documento é assinado por Adriana Trindade.
Em situação similar, está a maior escola municipal das Quintas, a Ferreira Itajubá. Mais de 50 carteiras estão danificadas, um freezer e um bebedouro aguardam manutenção e a pintura anual da escola não foi realizada. A recém-empossada diretora da unidade, Risoneide Brito, afirma que em 2010 a prefeitura não realizou o repasse de R$ 19 mil oriundos do Recurso Orçamentário do Município (ROM), o que é de suma importância para a manutenção da escola. “É com esse recursos que mantemos a escola funcionando administrativamente”, explica Risoneide.
Além de não ter recebido os recursos do ROM, as famílias deixaram de receber a ajuda do programa “Tributo à criança” e os alunos do sexto ano do turno vespertino encerraram o ano letivo de 2010 sem terem assistido a uma aula de inglês. Distribuídos em 14 salas de aula, os 1.180 alunos matriculados no Ferreira Itajubá, receberam o uniforme escolar pela última vez, no início de 2009.
De acordo com Fátima Cardoso a greve será mantida até que a prefeitura cumpra com a lei. Uma assembleia com todos os professores da rede municipal e dirigentes do Sinte/RN será realizada hoje, às 9h, na Assen. “Iremos discutir a continuidade da paralisação. Espero que a prefeitura quebre o gelo e cumpra com o aumento solicitado.”
Estado inicia aulas com deficit de 3 mil professores
Apesar de ter iniciado o ano letivo dentro do cronograma proposto pela equipe pedagógica orientada pela secretaria estadual de Educação, Betânia Ramalho, nem todas as escolas públicas estaduais abriram suas portas ontem. Faltam mais de 3 mil professores, a estrutura dos prédios é precária em quase todas as escolas da rede situadas em Natal e região metropolitana e os índices de evasão não se resumem ao turno noturno, que foi extinto em escolas tradicionais como o Winston Churchill, por exemplo.
A diretora do Churchill, Maria Eliane de Carvalho Han, afirmou que só abrirá a escola para as aulas quando os reparos nas instalações elétrica e hidráulica forem concluídos. Os problemas no Churchill não se resumem, porém, ao elétrico e hidráulico. Sem uma manutenção estrutural desde que foi inaugurado, na década de 1960, o colégio não dispõe de um local adequado para que os alunos se alimentem. A merenda é distribuída numa área aberta exposta ao sol e a chuva.
“Não há condições de continuarmos fornecendo a merenda aos nossos alunos e eles não terem onde consumi-la”, comenta a diretora. Um outro problema que deveria ter sido solucionado, de acordo com Maria Eliane, é a cobertura da quadra de esportes cujo orçamento supera R$ 100 mil. Além destes problemas, o auditório da escola está abandonado, sem cadeiras, ar condicionado e estrutura de som e luz.
O turno noturno da escola foi extinto pela direção pois o índice de matrículas no período não justificaria a manutenção do horário. “Uma série de fatores contribuíram para a extinção do turno noturno. Insegurança, evasão escolar e falta de professores”, analisa a diretora. Para confirmar o abandono da escola pelos alunos, Eliane comenta que em 2002 existiam mais de 2.500 alunos matriculados. Hoje, o número não passa de 1.061. “Estamos falando de uma das escolas públicas mais tradicionais da cidade”.
Para tentar solucionar estes e outros problemas que marcam o início do ano letivo nas escolas públicas estaduais, Betânia Ramalho afirmou que um mutirão está sendo montado para verificar quais a principais dificuldades enfrentadas pelas escolas hoje. “Colocamos nossos técnicos nas escolas que faltam professores, não vamos medir esforços para que os alunos sejam atendidos”.
Para cobrar ações da Secretaria Municipal de Educação (SME), os professores contam com a colaboração dos pais dos alunos. Insatisfeitos com o atual sistema de ensino, eles apóiam a greve mesmo sabendo que os maiores prejudicados serão os próprios filhos. “A greve é justa. Nós devemos entender que os professores merecem o aumento”, afirmou a dona de casa Analice Nunes.
Ela tem uma filha matriculada na Escola Municipal Nossa Senhora da Apresentação, no Conjunto Alvorada, zona Norte da Capital. Ansiosa para ir a escola, Sabrina Nunes foi conduzida pela sua mãe na manhã de ontem para saber qual a previsão de retorno dos professores às salas de aula. “Eu acho um absurdo pois os alunos não tem culpa. A escola deveria ter professores dando aula no início do ano e isso não acontece. Eu espero que isso se normalize em breve”, reclama Analice.
A escola foi instalada num prédio onde antes funcionou um shopping com supermercado. Apesar de grande, é fácil visualizar que a adaptação das lojas em sala de aula ocorreu de forma improvisada. Não existem janelas para ventilação natural do ambiente e o depósito de mantimentos foi transformado em quadra de esportes. No dia 11 de janeiro, a direção da escola enviou um ofício à Secretária Municipal de Educação, solicitando reparos na unidade de ensino.
Coincidência ou não, no dia seguinte, a Secretaria envia uma circular (nº 3/2011-GS) às escolas municipais e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), informando que, “em razão das dificuldades financeiras pelas quais passa a Administração Municipal, inclusive a Educação, há uma determinação do Poder Executivo quanto à contenção de despesas. Em vista disso, não há como atender a nenhuma solicitação que incorra em despesa para o erário”. O documento é assinado por Adriana Trindade.
Em situação similar, está a maior escola municipal das Quintas, a Ferreira Itajubá. Mais de 50 carteiras estão danificadas, um freezer e um bebedouro aguardam manutenção e a pintura anual da escola não foi realizada. A recém-empossada diretora da unidade, Risoneide Brito, afirma que em 2010 a prefeitura não realizou o repasse de R$ 19 mil oriundos do Recurso Orçamentário do Município (ROM), o que é de suma importância para a manutenção da escola. “É com esse recursos que mantemos a escola funcionando administrativamente”, explica Risoneide.
Além de não ter recebido os recursos do ROM, as famílias deixaram de receber a ajuda do programa “Tributo à criança” e os alunos do sexto ano do turno vespertino encerraram o ano letivo de 2010 sem terem assistido a uma aula de inglês. Distribuídos em 14 salas de aula, os 1.180 alunos matriculados no Ferreira Itajubá, receberam o uniforme escolar pela última vez, no início de 2009.
De acordo com Fátima Cardoso a greve será mantida até que a prefeitura cumpra com a lei. Uma assembleia com todos os professores da rede municipal e dirigentes do Sinte/RN será realizada hoje, às 9h, na Assen. “Iremos discutir a continuidade da paralisação. Espero que a prefeitura quebre o gelo e cumpra com o aumento solicitado.”
Estado inicia aulas com deficit de 3 mil professores
Apesar de ter iniciado o ano letivo dentro do cronograma proposto pela equipe pedagógica orientada pela secretaria estadual de Educação, Betânia Ramalho, nem todas as escolas públicas estaduais abriram suas portas ontem. Faltam mais de 3 mil professores, a estrutura dos prédios é precária em quase todas as escolas da rede situadas em Natal e região metropolitana e os índices de evasão não se resumem ao turno noturno, que foi extinto em escolas tradicionais como o Winston Churchill, por exemplo.
A diretora do Churchill, Maria Eliane de Carvalho Han, afirmou que só abrirá a escola para as aulas quando os reparos nas instalações elétrica e hidráulica forem concluídos. Os problemas no Churchill não se resumem, porém, ao elétrico e hidráulico. Sem uma manutenção estrutural desde que foi inaugurado, na década de 1960, o colégio não dispõe de um local adequado para que os alunos se alimentem. A merenda é distribuída numa área aberta exposta ao sol e a chuva.
“Não há condições de continuarmos fornecendo a merenda aos nossos alunos e eles não terem onde consumi-la”, comenta a diretora. Um outro problema que deveria ter sido solucionado, de acordo com Maria Eliane, é a cobertura da quadra de esportes cujo orçamento supera R$ 100 mil. Além destes problemas, o auditório da escola está abandonado, sem cadeiras, ar condicionado e estrutura de som e luz.
O turno noturno da escola foi extinto pela direção pois o índice de matrículas no período não justificaria a manutenção do horário. “Uma série de fatores contribuíram para a extinção do turno noturno. Insegurança, evasão escolar e falta de professores”, analisa a diretora. Para confirmar o abandono da escola pelos alunos, Eliane comenta que em 2002 existiam mais de 2.500 alunos matriculados. Hoje, o número não passa de 1.061. “Estamos falando de uma das escolas públicas mais tradicionais da cidade”.
Para tentar solucionar estes e outros problemas que marcam o início do ano letivo nas escolas públicas estaduais, Betânia Ramalho afirmou que um mutirão está sendo montado para verificar quais a principais dificuldades enfrentadas pelas escolas hoje. “Colocamos nossos técnicos nas escolas que faltam professores, não vamos medir esforços para que os alunos sejam atendidos”.
Fonte: Tribuna do Norte
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